fotoNovembro é um mês voltado para conscientização sobre a saúde masculina, principalmente a prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata. Em vista disto, o Grupo de Epidemiologia e Pesquisa (Gep) da Polícia Militar de Goiás coordenado pelo Tenente-Coronel Waldemar Naves do Amaral, com o apoio do Comando de Saúde, promoveu um evento destinado a orientações sobre campanha Novembro Azul. O encontro aconteceu na manhã do dia 25 de novembro, última sexta, no Grupo de Radiopatrulha Aérea (Graer).

Hábitos saudáveis e acompanhamento de saúde preventivo são o caminho para o envelhecimento com qualidade de vida. Os homens brasileiros vivem, em média, 7 anos a menos que as mulheres. Entre as causas de morte prematura estão à violência e acidentes de trânsito, além de doenças cardiovasculares e infartos. A adoção de hábitos saudáveis, a prática de atividade física regular, a alimentação balanceada e o uso moderado de bebidas alcoólicas são cruciais para diminuir estes agravos evitáveis. A identificação precoce de doenças aumentam as chances de um tratamento eficaz. Por isso, alguns exames devem fazer parte da rotina dos homens. Essa avaliação é importante em todas as fazes da vida: criança, adolescente, adultos e idosos.

Quando pensamos em profissionais da saúde para cuidar das crianças, geralmente vem na nossa cabeça o pediatra e o dentista. Mas além desses exemplos, uma especialidade que costuma atender muitos casos infantis é o urologista. A infecção urinária é um problema muito comum nas crianças, durante o primeiro ano de vida, costuma se manifestar mais no sexo masculino. Isso porque os meninos nascem com o prepúcio, que é a pele que reveste a ponta do pênis, mais fechado. Ao longo do desenvolvimento, ele costuma abrir sozinho, mas se até os 5 anos de idade ele não se retrair é necessário passar por uma avaliação especializada para identificar a existência de fimose e fazer o tratamento adequado.

Já na adolescência, os altos índices de morbidade e mortalidade relativos a causas externas entre jovens também merecem destaque, há uma predisposição aos agravos à saúde pela não adoção de práticas preventivas (gravidez indesejável, DST/AIDS, Hepatites) e por maior exposição a situações de risco (uso de drogas, situações de violência). Mais umas vez o papel do profissional da saúde é crucial na orientação e estimulação de hábitos saudáveis nesse grupo etário.

Dr. Thiago Marques de OliveiraNos idosos, os homens são levados a se confrontar com a própria vulnerabilidade e fragilidade que o ciclo natural da vida proporciona. Muitos homens procuram atendimento médico apenas em idade avançada, quando quadros irreversíveis já foram instalados. Aferir a pressão arterial com frequência, acompanhar as taxas de colesterol e glicose, são importantes para evitar doenças crônicas como a diabetes e a hipertensão. E é nessa fase também, onde diagnosticamos as principais doenças que podem acometer a próstata, dentre elas destacam-se a prostatite, a hiperplasia prostática benigna e o câncer de próstata. Sobre esse tema, o urologista Tenente Thiago Marques, autor deste informativo, responde alguns questionamentos comuns:

O que é câncer de próstata?

O câncer é um crescimento anormal e descontrolado de células de um determinado órgão, podendo invadir outras estruturas do corpo e até originar metástase à distância ou oferecer risco de vida. O câncer de próstata, em sua maioria, tem um crescimento lento, podendo levar anos para causar algum sintoma. Ele geralmente inicia com um pequeno nódulo e vai progredindo se nada for feito. Daí a importância do exame de rotina porque é por meio dele que se identifica essa doença em seu estágio inicial e, dessa forma, viabiliza um tratamento menos agressivo e com melhores resultados.

O câncer de próstata é a neoplasia sólida mais comum e a segunda maior causa de óbito oncológico no sexo masculino.  Ele atinge principalmente homens com idade superior a 65 anos, mas no estágio inicial, a chance de cura é de 90%. Para 2016, segundo o INCA – Instituto Nacional de Câncer, a estimativa é mais de 61.000 novos casos. Cerca de 20% dos pacientes portadores de câncer de próstata ainda são diagnosticados em estágios avançados, apesar de um declínio significativo ter ocorrido nos últimos anos, em virtude principalmente, de políticas de rastreamento da doença e maior conscientização da população em geral.

Existem formas de prevenir o câncer de próstata?

Para prevenir o câncer de próstata é necessário limitar a exposição a agentes causais ou fatores de riscos como o tabagismo, sedentarismo e dieta inadequada. Na prevenção destacam-se procedimentos que permitam o diagnóstico precoce ou detecção das lesões pré-cancerosas, cujo tratamento pode levar à cura ou, ao menos, à melhora da sobrevida dos indivíduos acometidos. Recomenda-se o início do rastreamento para identificar o câncer de próstata após os quarenta e cinco anos, principalmente nos casos com histórico de câncer de próstata na família e em homens negros. Sugere-se que essa avaliação seja iniciada através do toque retal e da dosagem sanguínea do PSA.

Como é feito o diagnóstico de câncer de próstata?

A próstata é uma glândula responsável pela produção de secreções que nutrem e transportam os espermatozóides. Está localizada na região pélvica do homem, abaixo da bexiga e à frente do reto, por isso o toque retal é um exame físico importante na avaliação urológica porque através dele é possível avaliar a superfície prostática percebendo alguma alteração no tamanho, consistência, formato ou a presença de nódulos. Como no início praticamente não há sintomas, é sugerido que todos os homens a partir dos 50 anos sejam avaliados anualmente através do toque retal e de dosagens sanguíneas de PSA, para o diagnóstico da doença. Aqueles com história de câncer de próstata na família (pai, irmãos, tios) e da raça negra devem iniciar essa avaliação aos 45 anos, devido ao maior risco associado.

O toque deve ser feito mesmo se o PSA estiver normal porque em torno de 20% dos tumores de próstata, o PSA não se altera. Quando o PSA ou o toque vem alterado o exame de biópsia de próstata é indicado. Nesse exame são retirados alguns fragmentos prostáticos por agulha e o material encaminhado para análise de um médico patologista. Se a biópsia vier positiva para o câncer, o próximo passo é ver o estágio da doença, realizando outros exames complementares para avaliar se o câncer está localizado ou invadiu estruturas além da próstata. Para em seguida instituir o tratamento mais indicado para cada caso.

Que tipos de tratamentos existem atualmente?  

Várias são as opções de tratamento para o câncer de próstata, essas opções devem ser esclarecidas pelo médico e a decisão compartilhada com o paciente, levando em consideração a chance de cura, estágio da doença (localizado, localmente avançado ou avançado), a idade, condições clínicas do paciente, os efeitos adversos e custos de cada terapia. Nos pacientes com doença inicial, localizada na próstata, incluem-se como opções a observação vigilante (acompanhar a evolução do quadro), a cirurgia para retirada da próstata (prostatectomia) ou a radioterapia. Nos casos de doença localmente avançada, cirurgia e radioterapia são as opções objetivando a cura do paciente. Nos casos avançados, o tratamento tem intenção paliativa, podendo-se optar por terapia de ablação hormonal e quimioterapia, associadas ou não a procedimentos cirúrgicos para melhorar o fluxo urinário nos pacientes com sintomas obstrutivos e medicações para proteção óssea.

Existe cura para o câncer de próstata?

O câncer de próstata tem cura, mas vai depender do momento do diagnóstico e do estadiamento (extensão) da doença. Cerca de 80% dos pacientes submetidos à prostatectomia radical ou radioterapia externa estão curados após 10 anos de acompanhamento. É muito importante que o homem desenvolva a consciência da prevenção e busque o atendimento médico de rotina para avaliar sua saúde de forma regular e anual. Afinal, câncer de próstata pode matar se nada for feito.

Autor: Tenente Thiago Marques de Oliveira, Membro da Sociedade Brasileira de Urologia

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